Capítulo
1: Nobres e Pobres.
Em um frio e cinzento dia de inverno,
uma figura qualquer, com seu cavalo preto, o qual refletia em seu pelo as últimas
luzes solares, passeava em baixo dos galhos secos dos carvalhos. Em seu rosto
não existia emoção, era frio e pálido; seus olhos cansados fitavam o horizonte
em busca de nada.
Mais a
frente os carvalhos deram espaço a plantas rasteiras e arbustos, estes
impregnados com sangue. Corpos espreitavam por entre as folhas, braços e pernas
sem dono eram disputados por cachorros, urubus e ratos. Porém o homem mal se
alterava. Seguia cavalgando em seu alazão negro, fitando o horizonte.
A trilha
acabou em uma mistura de pedra, areia e tijolos. Duas cercas velhas empilhadas
formavam um bastão, nele estavam presas placas.
“Lembre-se, sempre volte! Em cima é lugar de nobres, em baixo
é lugar de pobres.”
O homem
passou pelas placas, não se importando muito com o que estava escrito.
Continuou cavalgando, agora com olhos em belas construções que brotavam a
frente, mesmo destruídas ainda continham certa beleza, um resquício do que fora
antes. Casas dos nobres da Pedreira.
Passou por
debaixo das árvores, desceu do cavalo e o amarrou numa cerca de tijolos negros
que havia em frente a uma das casas. Branca, inteirinha feita de quartzo
talhado, o casebre brilhava no sol da tarde; pelos buracos da parede podia se
ver quadros, mesas, uma cama rasgada, estantes empoeiradas, toca discos
quebrados, cortinas caídas...
O rapaz
entra e rapidamente é recebido por um homem alto e magro de uns 40 anos de
idade. Rugas derretiam seu rosto e uma barba grisalha escondia seu pescoço. Ele
estava alterado, raivosamente segurava um facão na mão, – o qual balançava sem
parar – balbuciava palavras sem sentido, às vezes gritava, mas assim que
percebeu o rapaz parado em frente à porta admirando seu comportamento nocivo, o
velho endireitou a coluna e encheu o peito como se falasse com orgulho.
- Peguei um
pivete, Chefe! – guardou a faca em sua cintura – Tentava me roubar maçãs.
Queria matar ele, mas o senhor é quem manda nas mortes do reino agora...
O
moço fez um sinal para que ele lhe desse o facão e foi andando em direção à
velha porta de madeira. Antes de abri-la, podia ouvir o choro e os soluços de
um garoto. Ordenou com a cabeça que o velho saísse da casa, ele obedeceu.
Levantou o facão para cima da cabeça e abriu a porta, sendo imediatamente
abraçado pelo jovem que implorava pela vida, mas mesmo assim o homem desceu a
espada.Bruna Oliveira
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